Pedro Carvalho Advogado Trabalhista

Direitos da Diarista Sem Carteira Assinada

Muitas pessoas trabalham como diaristas, limpando e organizando lares, um serviço essencial para o funcionamento de milhares de casas brasileiras. No entanto, apesar da importância desse trabalho, muitos profissionais atuam sem carteira assinada, o que levanta dúvidas sobre os direitos trabalhistas da empregada doméstica.

Neste artigo, você vai entender a diferença entre diarista e empregada doméstica, quais são os seus direitos mesmo sem registro formal e como comprová-los.

Diarista ou Empregada Doméstica: Qual é a Diferença?

A principal diferença está na frequência do trabalho. Segundo a Lei Complementar nº 150/2015, considera-se empregada doméstica aquela que presta serviços mais de dois dias por semana para o mesmo empregador.

Ou seja, se você trabalha de forma contínua, mesmo sem carteira assinada, provavelmente tem direito a todos os benefícios garantidos pela legislação trabalhista.

Além da habitualidade, há outros fatores que caracterizam o vínculo empregatício:

  • Subordinação: quando você segue ordens e regras do empregador.

  • Onerosidade: quando há pagamento regular pelo serviço.

  • Pessoalidade: quando o serviço é prestado por você, sem substituições.

  • Continuidade: quando o trabalho não é eventual.

Se esses elementos estão presentes, a relação deixa de ser eventual e passa a ser de emprego. Nesses casos, o empregador é obrigado a registrar em carteira e garantir todos os direitos da trabalhadora.

Quais São os Direitos da Empregada Doméstica sem Carteira Assinada?

Mesmo sem o registro formal na carteira, você pode ter direito a diversos benefícios, desde que comprove o vínculo empregatício.

Veja os principais direitos trabalhistas:

1. Salário mínimo ou piso estadual

Você tem direito a receber pelo menos o salário mínimo nacional ou o piso salarial da sua região, se este for superior.

2. 13º salário

Deve ser pago em duas parcelas: a primeira até 30 de novembro e a segunda até 20 de dezembro. O valor é proporcional aos meses trabalhados no ano.

3. Férias + 1/3 constitucional

Após 12 meses de trabalho, você tem direito a 30 dias de férias e ao pagamento de um adicional de 1/3 do salário no período de descanso.

4. Repouso semanal remunerado

Você deve receber normalmente pelos domingos e feriados em que não trabalha, desde que cumpra sua jornada regular.

5. Vale-transporte

O empregador deve arcar com o valor do transporte entre sua casa e o trabalho, podendo descontar até 6% do salário, e nada além disso.

6. Aviso prévio

Se for dispensada sem justa causa, tem direito a 30 dias de aviso prévio, com acréscimo de 3 dias por ano trabalhado (limite de 90 dias).

7. FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)

Desde 2015, o empregador é obrigado a depositar 8% do salário mensal no FGTS. Se você provar que trabalhava antes disso, pode ter direito a valores retroativos.

8. Multa de 40% do FGTS

Em caso de demissão sem justa causa, o empregador deve pagar uma multa de 40% sobre o saldo do FGTS.

Como Comprovar o Vínculo de Empregada Doméstica Sem Carteira Assinada?

A falta de assinatura na carteira não impede o reconhecimento dos seus direitos. A Justiça do Trabalho aceita diferentes tipos de prova para demonstrar o vínculo empregatício.

Documentos úteis:

  • Comprovantes de pagamento (transferência, PIX, recibos informais);

  • Mensagens por WhatsApp ou e-mail com ordens, horários ou confirmações de trabalho;

  • Registros de ponto, fotos ou vídeos que mostrem você no local de trabalho;

  • Depoimentos de testemunhas, como vizinhos, porteiros, colegas de trabalho.

Importante: amigos íntimos e parentes não costumam ser aceitos como testemunhas válidas.

Reúna o máximo de evidências que comprove que você:

  • Trabalha mais de dois dias por semana;

  • Recebe pagamento regular;

  • Cumpre horários;

  • Está subordinada a um empregador.

O Que Fazer se Seus Direitos Não Estão Sendo Respeitados?

Caso seus direitos estejam sendo ignorados, siga os seguintes passos:

1. Organize as provas

Reúna todos os documentos que comprovem sua rotina de trabalho e os pagamentos recebidos.

2. Busque um advogado trabalhista

Um especialista poderá analisar o seu caso, orientar a melhor estratégia e entrar com a ação judicial, se necessário.

3. Denuncie ao Ministério do Trabalho

A denúncia pode ser anônima e ajuda a iniciar uma fiscalização. O órgão poderá autuar o empregador por manter uma empregada doméstica sem registro.

4. Tente um acordo extrajudicial

Com apoio jurídico ou do sindicato da categoria, você pode tentar negociar diretamente com o empregador. Isso pode agilizar a solução.

5. Procure a Justiça do Trabalho

Se não houver acordo, é possível entrar com uma ação trabalhista. Leve todas as provas e testemunhas possíveis para garantir seus direitos.

Quais as Consequências para o Empregador que Não Registra a Empregada Doméstica?

Manter uma empregada doméstica sem carteira assinada é uma infração trabalhista grave e pode gerar condenações financeiras pesadas.

O empregador pode ser obrigado a pagar:

  • Verbas rescisórias completas;

  • Férias + 1/3 de todo o período trabalhado;

  • 13º salário retroativo;

  • FGTS de todo o período + multa de 40%;

  • Multas por não assinatura da carteira de trabalho.

Além disso, o empregador poderá responder a ações judiciais, sofrer bloqueio de bens e até responder por dano moral, caso haja tratamento abusivo ou humilhante.

Conclusão: Seus Direitos Devem Ser Respeitados

Se você trabalha como empregada doméstica sem carteira assinada, mas cumpre jornada regular, recebe ordens e é paga com frequência, você tem direitos garantidos por lei.

A formalização não é o que cria os direitos — é a realidade da relação de trabalho. Por isso, se estiver em situação irregular, busque orientação jurídica e lute pelo que é seu por direito.

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