Pedro Carvalho Advogado Trabalhista

Acúmulo de Função na Enfermagem: Quando o Hospital Está Errado e Como Você Pode Exigir Indenização

Introdução: O problema que muitos enfermeiros vivem, mas poucos entendem

Se você trabalha na enfermagem, provavelmente já ouviu pedidos como “quebra esse galho pra mim?” ou “você pode fazer rapidinho?”. Com o tempo, esses pedidos se tornam frequentes. Dessa forma, o que parecia apenas uma colaboração pontual passa, gradualmente, a virar parte da sua rotina.

Além disso, muitos profissionais acabam acreditando que isso é “normal”, embora não seja. Pelo contrário: quando você exerce duas funções ao mesmo tempo, sem receber nada por isso, existe uma prática clara de acúmulo de função — e isso dá direito a indenização.

Portanto, entender o que configura acúmulo, como a Justiça analisa esses casos e como você pode se proteger é essencial para evitar abusos.

O que realmente significa acúmulo de função?

Acúmulo de função ocorre quando o hospital exige, de forma habitual e contínua, que o profissional desempenhe tarefas que não estão no seu cargo original, sem qualquer compensação financeira.

Além disso, o acúmulo normalmente exige mais responsabilidade, aumenta a sobrecarga e impacta diretamente sua saúde física e mental.

A diferença fundamental entre acúmulo e desvio de função

Para compreender completamente, é importante diferenciar os conceitos:

  • Acúmulo → você continua no seu cargo, mas exerce outra função adicional.

  • Desvio → você passa a exercer uma função superior, mas segue recebendo salário inferior.

Assim, embora ambos gerem direito a indenização, cada situação possui detalhes específicos que interferem no valor da causa.

Quando a “ajuda” diária deixa de ser ajuda e vira exploração

No começo, tudo parece simples. Entretanto, conforme a frequência aumenta, você passa a realizar atividades que não pertencem ao seu cargo original. Consequentemente, isso caracteriza abuso evidente.

Como o acúmulo aparece na rotina da enfermagem

A seguir, veja exemplos típicos — e extremamente comuns — que configuram acúmulo de função.

Enfermeiros fazendo funções de técnico

Isso ocorre quando o enfermeiro:

  • Executa rotinas repetitivas,

  • Realiza procedimentos básicos de forma constante,

  • Assume tarefas que deveriam ser exclusivas do técnico.

Assim, a função do enfermeiro fica sobrecarregada e o hospital economiza às suas custas.

Técnicos assumindo funções de enfermeiro

Essa situação, além de ilegal, é perigosa, pois envolve atribuições que exigem formação superior. Frequentemente, o técnico:

  • Supervisiona equipes,

  • Realiza anotações que deveriam ser do enfermeiro,

  • Assume responsabilidades gerenciais.

Consequentemente, ele fica exposto a riscos profissionais e jurídicos sem receber como enfermeiro.

Atividades administrativas que viram rotina

Isso é comum em clínicas e hospitais privados. O enfermeiro acaba:

  • Fechando escala,

  • Conferindo estoque,

  • Preenchendo planilhas,

  • Gerenciando problemas de RH.

Ou seja, tarefas administrativas começam a compor o dia a dia sem qualquer adicional salarial.

Tarefas que não têm relação com a área da saúde

Ainda pior, alguns profissionais acabam:

  • Organizando documentos de setores alheios,

  • Fazendo funções de recepção,

  • Limpando equipamentos que não pertencem à enfermagem.

Portanto, todas essas situações configuram acúmulo claro e indenizável.

Por que isso é tão comum nos hospitais?

Equipe reduzida e falta de contratação

Muitos hospitais reduzem o quadro de funcionários para economizar. Portanto, sobrecarregam a equipe presente.

Cultura do “só hoje”

Essa mentalidade é extremamente prejudicial. Aos poucos, o “só hoje” se transforma em “todos os dias”.

Falta de fiscalização e excesso de informalidade

Quando não há supervisão adequada, gestores acabam improvisando funções, impondo atividades extras arbitrariamente.

O que diz a lei sobre acúmulo de função na enfermagem

A CLT determina que cada trabalhador deve exercer exclusivamente as funções pelas quais é contratado, salvo se houver pagamento adicional.

Interpretação da CLT

Ainda que a legislação não traga um artigo específico, a Justiça entende que, ao exigir função diferente, o hospital deve pagar adicional proporcional.

O que a Justiça entende nos casos atuais

Os tribunais trabalhistas reconhecem amplamente o acúmulo na enfermagem. Portanto, condenam hospitais a pagar 20% a 40% de adicional, dependendo da gravidade.

Quando o acúmulo gera direito a indenização?

O enfermeiro tem direito ao adicional sempre que exercer outra função de forma habitual, contínua e sem compensação.

Critérios usados pela Justiça do Trabalho

Os juízes analisam:

  • A frequência,

  • A diferença salarial,

  • O benefício econômico para o hospital,

  • A responsabilidade extra envolvida.

Situações clássicas que sempre geram condenação

  • Técnico realizando função de enfermeiro,

  • Enfermeiro coordenando equipe sem cargo,

  • Profissional desempenhando tarefas técnicas e administrativas ao mesmo tempo.

Portanto, se isso ocorre com você, há forte chance de indenização.

Quanto o enfermeiro pode receber?

Os percentuais mais comuns definidos pela Justiça são:

Percentuais mais comuns (20% a 40%)

  • 20% → casos moderados

  • 30% → casos recorrentes

  • 40% → casos graves

Exemplos reais de cálculo

Suponha:

  • Salário: R$ 3.500

  • Adicional: 30%

  • Indenização mensal: R$ 1.050

  • Período: 24 meses

Total: R$ 25.200

Ou seja, é um valor expressivo — e inteiramente devido.

Como provar o acúmulo de função

Provas documentais

Você pode juntar:

  • Conversas no WhatsApp,

  • Escalas,

  • Ordens internas,

  • Relatórios.

Além disso, prints são aceitos pela Justiça.

Testemunhas internas

Colegas de setor podem confirmar suas atividades extras.

Escalas e mensagens

São provas extremamente fortes, pois mostram suas responsabilidades reais.

Como registrar as atividades extras sem se expor

Para se proteger:

  • Registre tudo em um caderno pessoal,

  • Guarde mensagens,

  • Crie pastas de e-mail,

  • Salve cópias de escalas.

Dessa forma, você constrói um histórico sólido.

Quando o acúmulo se mistura com assédio moral

Infelizmente, muitos gestores usam frases como:

  • “Se você não fizer, ninguém faz.”

  • “Você é o único responsável.”

  • “Se reclamar, fica ruim para você.”

Essas pressões caracterizam assédio moral. Portanto, você tem direito de denunciar.

O que fazer antes de procurar a Justiça

Conversar com o RH

Em alguns casos, o setor resolve. Contudo, é raro.

Pedir apoio ao sindicato

Eles orientam, intervêm e, se necessário, acompanham processos.

Falar com advogado trabalhista

É o caminho ideal quando o hospital insiste no erro.

Frases comuns que indicam acúmulo ilegal

  • “Você já faz isso mesmo, então continua.”

  • “Fica tranquilo, depois a gente vê isso.”

  • “É só para adiantar.”

Quando repetidas, essas frases revelam obrigação disfarçada.

Conclusão: Seu trabalho vale mais do que você imagina

O acúmulo de função é comum, mas não é normal. Além disso, é totalmente ilegal quando ocorre sem compensação financeira.

Portanto, não aceite tarefas extras sem remuneração. Afinal, você estudou, se dedicou e merece ser valorizado. Consequentemente, a lei está do seu lado.

FAQs

  1. Acúmulo de função é ilegal?
    Sim, quando ocorre sem pagamento adicional.
  2. Quanto posso receber?
    Entre 20% e 40% do salário.
  3. Como provo?
    Com testemunhas, escalas, mensagens e documentos.
  4. Posso ser demitido por denunciar?
    Não. Retaliação é ilegal.
  5. Preciso avisar o hospital antes de processar?
    Não. Mas você pode tentar resolver internamente.

 

Não espere para agir. Quanto mais cedo você verificar, maior será o valor a recuperar.

 

Leia também o seguinte artigo: Rescisão Indireta por Falta de Pagamento de Benefícios: Entenda Seus Direitos

 

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